19.2.09

Educação sexual nas escolas

Antes de mais, e como sinal de partida da minha participação no Sem Filtro, quero agradecer o convite que me fizeram para ser co-autor do blogue e partilhar o espaço com tão simpática companhia. Vou começar a minha participação com um tema que está por estes dias em discussão no Parlamento: a inclusão obrigatória da educação sexual nas escolas.

Sinceramente, apesar de não conhecer em que moldes será leccionada, não percebo a utilidade da disciplina de educação sexual nas escolas. Se fosse através de seminários de participação opcional, como na faculdade, ainda entendia; mas como uma disciplina a englobar um leque de muitas outras não vejo a sua utilidade. Parece-me útil que se disponibilize o máximo de informação possível aos jovens sobre todas as temáticas que envolvam a sexualidade no estrito âmbito da saúde sexual e da prevenção de comportamentos de risco – perspectiva utilitária. Acho que alguns seminários sobre o tema seriam adequados; caso contrário, o que me parece é que o Estado quer alargar o seu âmbito de actuação: quer “mandar” no mais íntimo e pessoal do ser humano. No meu tempo de estudante do ensino básico – tempo distante! - existia o projecto área escola (em boa verdade não se fazia nada!) que era suposto ser uma “área curricular não disciplinar”. Porque não aproveitar este enquadramento, se é que ainda existe, para fornecer informação aos jovens aos mais variados níveis? A educação sexual seria uma das temáticas entre muitas outras. Isto iria, inclusive, permitir recorrer a formadores externos em certas matérias mais específicas com poupança de recursos de tempo. A escola serve, essencialmente, para fornecer saber disciplinar aos estudantes. Tudo o que vá além disso, regra geral, dá asneira. E o problema da escola pública nos últimos tempos é, a meu ver, essa intenção de transformar a escola numa espécie de substituição da família. Exige-se aos professores que sejam encarregados de educação, o que, como é óbvio, por um lado, não transforma os professores em encarregados de educação, e por outro, fá-los piores professores.

As minhas dúvidas em relação à educação sexual nas escolas não têm nada que ver com conservadorismo moral, muito pelo contrário. O que eu não quero é que o Estado venha com a sua moral para cima dos cidadãos.

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