18.4.09

Sobre a minha visita a Moçambique: telecomunicações

No nosso país existe um enfoque muito grande na situação angolana, de tal forma que países como Moçambique, que tive a oportunidade de visitar e conhecer esta Páscoa, fiquem de algum modo ofuscados por essa primazia informativa que é atribuída a Angola.

Não é preciso grande capacidade de entendimento para perceber que em Moçambique está a ser travada uma batalha de duas empresas de telecomunicações: a MCel (100% capitais moçambicanos que aparentemente domina 70% do mercado) e a VodaCom (empresa pan-africana em que Vodafone detém 50%).

Aquilo que me apercebi, é que num país em que existe tanta pobreza, tantas pessoas sem perspectivas na vida, gente que mora em palhotas sem água e nem luz, ou que consome electricidade mediante pré-pagamento, estas duas empresas pintam as suas cores praticamente em todo lado e estão de tal forma empenhadas na disseminação das telecomunicações que, a título de exemplo, por cada telemóvel comprado chegam a oferecer outros três totalmente de borla.

Não nos podemos esquecer que os telemóveis estão longe de ser uma necessidade básica, pelo que toda esta situação não deixou de me chocar: se as pessoas não têm dinheiro para comprar uma casa decente, para se vestirem sem ser com farrapos, para se instruirem devidamente, qual a serventia ou verdadeira necessidade de um telemóvel que não podem, a priori, sustentar?

Para mim, este é um novo tipo de colonização, de exploração indevida: a investida das empresas pelo continente africano em busca de enriquecimento.

17.4.09

Enriquecimento ilícito (III)

Pior que uma proposta do PSD, só mesmo uma proposta do PS. Taxar os rendimentos injustificados – subentende-se ilícitos – é de uma originalidade a toda a prova. É trazer para dentro da legalidade a ilicitude. Estes socialistas são o máximo. Quanto a questões mais "técnicas" aconselho que se veja a entrevista do Paulo Rangel – que pena vê-lo sair para Bruxelas! – à SICN, na noite de ontem, se é que está disponível online.

16.4.09

Completamente off topic

Quando se quer negociar a própria vida exposta na TV ainda estou como o outro, só faz quem quer, só vê quem quer. Agora, as coisas estão a sair um bocado do "aceitável" quando se negoceia a vida dos filhos por 18 anos!!!

Enriquecimento ilícito (II)

"A maior parte da corrupção é perfeitamente legal", João Miranda numa caixa de comentários do Blasfémias.

O busílis da questão é este. O crime de corrupção e a corrupção são coisas diferentes. A proposta de criminalização do enriquecimento ilícito é, também por isto e deixando de lado o essencial - a liberdade -, inútil e demagógica.

14.4.09

A decisão está tomada

É Paulo Rangel. O actual líder parlamentar da bancada do PSD na AR é o cabeça de lista do PSD às Europeias de Julho.
Tal como no CDS, o líder parlamentar está na lista ao PE, embora no CDS seja segundo lugar na lista, mas entra nos ditos "lugares elegíveis".
Tal como tinha escrito aqui sobre Nuno Melo e Diogo Feyo, Paulo Rangel é uma perda enorme para o PSD, para a AR e para o país. Nestes últimos debates parlamentares, desde que é líder da bancada, Rangel mostrou bem que pode com Sócrates, sendo talvez a única voz que hoje no PSD diz coisa com coisa. Mais uma vez saliento a minha tristeza de o ver ir para Bruxelas/Estrasburgo, lugar em que certamente fará o que fez na AR.
O nome está neste momento a ser debatido no Conselho Nacional do PSD onde deve, com certeza passar com distinção.
À direitas, as escolhas são boas. Vital Moreira tem adversários de peso pela frente...

Enriquecimento ilícito

O enriquecimento ilícito está na agenda política do dia. O PSD propõe a criminalização do enriquecimento ilícito. A esquerda e a direita aplaudem (ementas saudáveis nas escolas é que não!). Esta proposta apresenta duas vias possíveis de compreensão: 1) punir o crime e os resultados do crime, ou seja, punir duas vezes; ou 2) inverter o ónus da prova, ou seja, os indivíduos é que têm de provar que ganharam o dinheiro de forma lícita. A este respeito lembrei-me de um caso possível: um sujeito, casado – e bem casado, como se costuma dizer -, pai, tem um conjunto de actividades paralelas socialmente pouco aceites, mas lícitas (à excepção do seu ambiente familiar se a sua mulher assim o entender) – vocês sabem do que é que eu estou a falar. O gajo era bom nas suas “funções paralelas”. Derivado disso, enriquece. O enriquecimento faz as autoridades suspeitar. É legítimo que o sujeito tenha de declarar coercivamente de onde vêm os seus proveitos? É que, ou estou a ver mal a coisa, ou é isto que se propõe.

13.4.09

Erro de casting


Este outdoor do PSD tem muito que se lhe diga.
Logo para começar, visualmente é péssimo. A pessoa ou pessoas que se lembram de o fazer deviam estar de mau humor ou guarda um qualquer rancor ao PSD ou a Dra Ferreira Leite.
Não cabe na cabeça de ninguém fazer um outdoor em que a base por trás da imagem é preta (ou azul mesmo escuro). Além de ficar mal, não faz grande sentido no cruzamento de cores com o laranja.
Em segundo lugar, a mensagem que este outdoor passa é de um populismo anormal. A frase "Política de Verdade" expõe demasiado a mensagem do PSD. Querendo passar a mensagem que a líder do partido tem vindo a tentar colar a Sócrates, de que o PM mente, podiam tê-lo feito de uma maneira muito mais subtil, muito mais inteligente e muito mais aceitável que "Política de Verdade". As pessoas que passam na rua conseguíam receber a mensagem de uma maneira mais subtil sem o populismo que a mensagem carrega. No entanto, só posso retirar dali que a Dra Ferreira Leite lê tão bem como eu as sondagens e sabe o lugar e a percentagem que tem. As vezes estas mensagens populistas funcional quase como "Hail Mary" para tentar abanar qualquer coisa.
Por último, as declarações de Luís Filipe Menezes não são despropositadas. Numa altura em que o PS tem Vital Moreira em todas as rotundas deste país, numa altura em que CDU, BE e CDS também vão começar a "publicitar" os seus candidatos, um cartaz com a Dra Ferreira Leite pode mesmo querer dizer aquilo que em cima já disse, a senhora sabe ler sondagens e vai querer uma cara melhor para PM. Eu não acredito muito nesta possibilidade (sou ceptíco em política por natureza) mas um Marcelo Rebelo de Sousa, um Rui Rio ou um José Pedro Aguiar Branco
podem ser os eleitos da senhora.
Ponho nesta lista Marcelo porque, pela figura que é, pela aceitação e prestigio que tem, será sempre sondado para tal. Rui Rio, a sair, deixaria o Porto sem "heir apparent" para a sucessão abrindo um caminho incerto, mas é, a meu ver o candidato número 1. Aguiar Branco é um homem de confiança, tal como Rio, e tem uma visibilidade mais baixa (o que neste momento pode ser positivo para o PSD) e tem uma experiência muito grande em política.
Em suma, este cartaz tem todos estes defeitos e outros tantos que possam ver, mas o maior é mesmo, a indefinição, o não se saber o porquê dele e para que serve...