“Quantos políticos portugueses fomentam uma atitude de intransigência em relação à corrupção? Contam-se pelos dedos de uma mão.”
Inauguro a minha participação neste espaço com uma questão que me apetece colocar e com uma resposta que me desencoraja a isso. De facto, que melhor ponto de partida para falar de política do que estado dela? Não é isso que fazemos quando olhamos para algo de que nos compete falar?
Esta intransigência face à corrupção manifesta-se pela denúncia e repúdio por qualquer envolvimento. Só denunciando se consegue criar uma sociedade crente na transparência.
Se os políticos, enquanto classe, calam as práticas comuns de corrupção, transformam o ambiente político numa câmara de segredos na qual todos consentem a corrupção uns aos outros sob um pacto de silêncio cujo preço é nenhum deles denunciar, o que pensar do futuro deste país. O silêncio é e sempre será dúbio.
Mais, quando se supõem teorias de conspiração que afirmam que o mediatismo de alguns casos servem mais os interesses do pacto de silêncio entre corruptos de diferentes facções, do que propriamente o apuramento da verdade, o que pensar do futuro deste país.
Não há interesse em discutir casos particulares de eventuais escândalos partidários ou governamentais, se a pessoa que vier a seguir invista e se dedique à mesma actividade corrupta porventura com outra estética, mas igualmente pútrida.
Estaremos a moer carne, a triturar pessoas que fazem parte de um sistema que não se corrige, num viveiro de gente que se acha mais esperta do que os outros e que cultiva a corrupção como alimento do poder.
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