19.2.09

Sobre Maria José Morgado no Mário Crespo Entrevista (2 de 2)

“Mas o que eu acho mal, é que o jornalismo não faça as suas investigações autonomamente, e que se esteja a criar um clima, que já vem de trás, de um certo parasitismo mediático da investigação criminal. Isso é mau para o jornalismo e é explosivo para a investigação criminal”

Lembro-me de no Brasil haver políticos denunciados por câmaras ocultas de jornalistas que se faziam passar por pessoas que testavam a transparência dos serviços/cargos públicos e das pessoas que estão à frente deles.

Em Portugal, com toda a sinceridade, o único trabalho jornalístico periódico de investigação criminal, de que tenho conhecimento, é uma rubrica na TVI, no programa Você na TV de um jornalista chamado Hernâni Carvalho.

É estranho não haver programas nem trabalhos que denunciem crimes mas haver tantos profissionais do jornalismo sedentos por publicar sem grande esforço detalhes de crimes.

Conforme diz José Gil, no seu livro Portugal Hoje, O Medo de existir, o espaço em público em Portugal resume-se aos media, são eles que determinam a dimensão pública das coisas.

O jornalismo em Portugal está atalhar caminho, a pendurar-se na alçada da justiça para obter capas e notícias de abertura verdadeiramente bombásticas que muitas vezes se resumem a fogo de vista.

Isto é perfeitamente perceptível se olharmos em retrospectiva e verificarmos a forma como o tempo de antena e o foco saltitam de mediatismo em mediatismo: Casa Pia, Maddie, BCP, BPN, Freeport, esquecendo por completo o caso anterior a cada novo caso.

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